Radicais livres

 

O oxigênio é essencial para que o corpo converta alimento em energia, através da metabolização de gorduras, carboidratos e proteínas. Sem oxigênio o corpo não poderia executar os processos de reações oxidativas, transmutadoras de energia em subunidades moleculares úteis e procurando eliminar o que não for mais necessário ou funcional.  Por ser potencialmente tóxico, o oxigênio, ao ser utilizado pelo corpo,  produz um outro composto molecular chamado de radical livre que também é essencial, mas que, como o oxigênio - pode ser fonte de fisiopatologias.

 

Os radicais livres são moléculas instáveis de grande reatividade (os elétrons não são dispostos em pares). Para parear e retomar sua estabilidade eles atacam outras moléculas em busca de elétrons que lhes falta. A molécula atacada por um radical livre cede um elétron e torna-se ela um outro radical livre que, por sua vez, ataca outra molécula e assim por diante criando um tipo cascata ou efeito dominó. Esse efeito pode produzir danos de grau variável tanto na célula quanto em órgãos dos quais a célula é parte.   Ao usar moléculas para criar energia ele produz elementos residuais – uma exaustão que é emitida através do sistema de excreção. Quando a excreção for frágil, surgirá uma poluição ambiental interna onde se incluem substâncias como radicais livres. Como as células consomem milhões de moléculas de oxigênio a cada minuto, é produzida grande quantidade dessas moléculas.  Enquanto o metabolismo sadio produz número normal de radicais livres, muitas circunstâncias como as antes referidas podem aumentar sua produção a nível alarmante e indicar um estado patológico-oxidativo ou estress oxidatívo.

 

Mantendo em limites admitidos como normais, os radicais livres ajudam a proteger o corpo.  Certas células imunizadoras os liberam para matar bactérias e a prevenir infecções.  Assim como o colesterol, que é útil, mas que pode se tomar prejudicial, também os radicais livres quando saem de seus limites.  Requer-se manter em equilíbrio tanto os níveis de colesterol quanto os de radicais livres.  Em geral, o corpo é capaz de manter o equilíbrio do nível dos radicais livres através de sistemas embutidos na própria célula:

1. Enzimas antioxidantes existentes no citoplasma e no interior das mitocôndrias;

2.      Através do seu sistema de excreção - sistema urinário e glândulas sudoríparas;

3.  Ou, ainda, através da ingestão de antioxidantes / solubilizantes que neutralizem os radicais livres antes que uma quantidade suficientemente grande se acumule para danificar células sadias. Com isso o corpo consegue manter em equilíbrio as diferentes homeostases. 

 

                       Quando praticamos atividades que requerem muito esforço. O que acontece? Os músculos, em trabalho vigoroso, vão consumindo grande quantidade de oxigênio e, decorrentemente, vai se produzindo abundante quantidade de ácido láctico. Essas moléculas de ácido láctico são radicais livres. Depois do esforço, o corpo sente dores musculares generalizadas, que são efeito de danos causados por eles.  Com alguns dias de descanso, os músculos efetuam a reparação e a dor desaparece. Esse é o mecanismo da injúria causada pelos radiais livres e o restabelecimento dos músculos envolvidos.

 

Sob condições de estresse oxidatívo, entretanto, as coisas se complicam podendo ocorrer um desvio da homeostase dando lugar a um estado fisiopatológico. Durante seu período de recuperação, a célula injuriada ou o órgão do qual ela é parte pode ainda cumprir seu papel, mas a um nível prejudicado.

 

A injúria imposta pelo radical livre poderá ser de tal magnitude que os mecanismos de restabelecimento do organismo tornam-se impotentes para remediar. Isso ocorre quando grande número de radicais livres ataca e danifica moléculas de uma mesma célula. O efeito cascata ou dominó poderá causar a morte celular e os órgãos inteiros serão afetados.