INTRODUÇÃO:
As
proteínas são macromoléculas presentes em todas células dos organismos vivos.
No fígado e no músculo a concentração de proteínas corresponde a 20% do peso
úmido; com a eliminação da água essa percentagem sobe para 50%. Da mesma forma
que os carbonos e lipídios contem carbono, hidrogênio e oxigênio, do nitrogênio
(16%) e enxofre, algumas tem ainda fósforo e metais em sua estrutura. Quanto à
origem, as proteínas podem ser exógenas, provenientes de proteínas ingeridas
pela dieta, ou endógenas, derivadas da degradação de proteínas celulares do
próprio organismo. Como as proteínas têm media 16% de nitrogênio na sua
estrutura costuma-se obter o teor de proteína de um alimento dosando o teor de
nitrogênio e multiplicando-o por 6,25 para transformá-lo em teor de proteína.
Na verdade, esse fator é um valor médio. Quando se quer precisão, ou no caso de
proteínas vegetais, em que o teor de nitrogênio da molécula é menor, usam-se
fatores de transformação diferentes para conversão do teor de nitrogênio em
proteína. Para carne, leite e proteínas animais pode-se usar 6,25. Para
leguminosas usa-se 5,70 e para arroz é 5,95. Nas proteínas são normalmente
encontrados 21 alfa-aminoácidos todos na forma L (levógira) menos a glicina.
Com exceção da prolina, todos os alfa-aminogrupos e grupos carboxílicos estão
unidos a um mesmo átomo de carbono.
Os
aminoácidos se juntam para formar uma proteína por meio da ligação peptídica
que une o grupo carboxílico de um aminoácido ao grupo amino do outro. O
composto resultante tem em suas extremidades um grupo carboxílico e um grupo
amino livres. Esses grupos carboxílicos e amínicos, conforme o pH do meio e sua
ionização, fornecem características básicas ou ácidas, respectivamente. A união
de dois aminoácidos forma um dipeptídio, três aminoácidos, um tripeptídio,
podendo uma proteína ter 400 ou mais aminoácidos. Os aminoácidos das proteínas
se unem um ao outro em uma seqüência predeterminada geneticamente.
A
estrutura de uma proteína pode ser dividida em primária e a conformação que
envolve a estrutura, secundária, terciária e quaternária. A estrutura primária
diz respeito ao tipo e à seqüência de aminoácidos na molécula protéica. A
secundária é formada por associações de membros próximos da cadeia
polipeptídica e é mantida à custa das pontes de hidrogênio. Na terciária, a
molécula protéica se arranja em estruturas globulares, utilizando diversos
tipos de ligações como pontes de hidrogênio, hidrofóbicas, iônicas,
eletrostáticas e covalentes. Essas últimas são representadas pelas pontes de dissulfetos entre os resíduos de cisteína.
Finalmente, a forma como diversas estruturas terciárias ou subunidades se
associam é a chamada estrutura quaternária.
A
desnaturação da proteína pode ser reversível ou não e consiste na alteração da
estrutura tridimensional da molécula, causada pelo calor ou por diversos
agentes químicos ou físicos. Esta propriedade é usada na indústria de alimentos
para a inativação de enzimas indesejáveis que impediriam a sua conservação e
permite no cozimento a proteína seja mais bem utilizada pelo organismo. A cor
branca da clara do ovo cozida deve-se, por exemplo, à desnaturação de sua
proteína que é a ovoalbumina.
As
proteínas, devido a sua complexidade estrutural, são difíceis de ser
rigorosamente classificadas. Podem ser agrupadas em: simples, quando por hidrólise
forem só aminoácidos, e conjugadas, quando dão origem
a outros compostos além dos aminoácidos. As proteínas conjugadas são
combinações de uma molécula não protéica unida a uma molécula protéica. Entre
as primeiras podemos citar, como exemplo, albuminas, globulinas, glutelinas,
prolaminas, ovoalbumina entre outras. Em relação às conjugadas, temos as
proteínas, ligadas aos ácidos ribonucléico e desoxirribonucléico no núcleo
formando a cromatina; mucoproteínas e glicoproteínas que combinam a proteína
com polissacarídeos complexos, tais como, a mucina encontrada em secreções
gástricas, e a ovoalbumina; as lipoproteínas, encontradas no plasma, que se
unem com lipídios, triglicerídios, colesterol e fosfolipídios; as fosfoproteínas,
nas quais o acido fosfórico forma a ligação Ester com as proteínas, como por
exemplo, na caseína do leite; e ainda, as metaloproteínas, tais como a
ferritina e hemossiderina, a peroxidase, em que os metais, ferro, cobre ou
zinco, estão unidos às proteínas.
As
proteínas também podem ser divididas em fibrosas e globulares. As fibrosas
incluem a queratina, que é a proteína do cabelo e das unhas, a fibrina do
sangue, a miosina do músculo, e o colágeno, principal componente do tecido
conjuntivo e que é usado na fabricação da gelatina. Cerca de 30% das proteínas
totais dos mamíferos são constituídas do colágeno, uma proteína de baixa
qualidade nutricional, pois praticamente não contem triptofano, apesar de ser
uma proteína animal e amplamente utilizada na alimentação humana na forma de
gelatina proteínas globulares se encontram principalmente nos fluidos orgânicos
e nos tecidos. Elas são solúveis e facilmente desnaturadas. As proteínas
globulares de interesse em nutrição são as caseínas do leite, a albumina no ovo
e as albuminas e globulinas no sangue, plasma e hemoglobina, bem como as
globulinas das sementes como as do feijão e da soja.
FUNÇÕES DAS
PROTEÍNAS NO ORGANISMO
As
proteínas da dieta pela digestão e subseqüente absorção pelo intestino fornecem
aminoácidos ao organismo terão três destinos principais: anabolismo (síntese de
proteínas e polipeptídios); catabolismo ou degradação, produção de energia e
síntese de compostos de pequeno peso molecular. Por essas vias os aminoácidos
servirão na construção e manutenção dos tecidos, formação de enzimas,
hormônios, anticorpos, no fornecimento de energia e na regulação de processos
metabólicos. Alem do nitrogênio, os aminoácidos fornecem compostos sulfurados
ao organismo. Como fonte de energia, as proteínas são equivalentes aos
carboidratos, fornecendo 4Kcal/g ou 16,7Kj/g.
Na
forma de lipoproteínas participam no transporte de triglicerídios, colesterol, fosfolipídios
e vitaminas lipossolúveis. As vitaminas
e os minerais estão unidos a transportadores
protéicos específicos para o seu transporte. Por exemplo, a albumina carrega
ácidos graxos livres, a bilirrubina e também medicamentos que são ingeridos.
As
proteínas também contribuem para a homeostasia, mantendo o equilíbrio osmótico
entre os diferentes fluidos do organismo, como evidenciado no edema decorrente
da hipoproteínemia (baixo nível de proteínas no plasma) que é observada em
crianças com deficiência protéica ou Kwashiorkor. A albumina é particularmente
importante nessa função. Devido à sua estrutura, as proteínas são capazes de se
combinar a compostos ácidos ou básicos e, dessa forma, manter o equilíbrio
ácido-base entre o sangue e os diferentes tecidos do organismo.
AMINO ÁCIDOS ESSENCIAIS E NÃO-ESSENCIAIS
PARA O ORGANISMO
Entre
os 21 aminoácidos naturais, vários devem estar presentes na dieta para
satisfazer as necessidades do organismo, enquanto outros não; em conseqüência,
a qualidade nutricional das proteínas pode ser determinada pelo tipo e pela
quantidade de seus aminoácidos constituintes.
Alguns
aminoácidos são classificados como essenciais, porque sua síntese no organismo
é inadequada para satisfazer as necessidades metabólicas e eles devem
fornecidos como parte da dieta. Esses aminoácidos são: treonina, triptofano,
histidina, lisina, leucina, isoleucina, metionina, valina, fenilalanina e
possivelmente arginina. Ausência ou inadequada ingestão de alguns desses
aminoácidos resulta em balanço nitrogenado negativo, perda de peso, crescimento
menor em crianças e pré-escolares e sintomatologia clinica.
Os
aminoácidos não-essenciais: alanina, ácido aspártico, asparagina, ácido
glutâmico, glicina, prolina e serina, são igualmente importantes na estrutura
protéica; no entanto, se houver
deficiência na ingestão de um deles, ele pode ser sintetizado em nível celular
a partir de aminoácidos essências ou precursores contendo carbono e nitrogênio.
Aminoácidos conhecidos condicionalmente essenciais são aqueles que podem ser
essenciais em determinadas condições clinicas. É o caso da taurina, cisteína e
possivelmente da tirosina que podem ser condicionalmente essenciais em crianças
prematuras.
Não
há reserva de aminoácidos livres no organismo, qualquer quantidade acima das
necessidades para a síntese protéica celular e para a dos compostos não-proteícos
que contem nitrogênio será metabolizada.
No entanto, na célula, existe um “pool” metabólico, também
denominado reservatório metabólico ativo, de aminoácidos em um estado de equilíbrio dinâmico pode ser
utilizado quando for necessário. O contínuo estado de síntese e degradação de
proteínas, fenômeno denominado “turnover”, é necessário para manter esse “pool”
metabólico e a capacidade de satisfazer a demanda de aminoácidos nas varias
células e tecidos do organismo quando esses são estimulados a produzir novas
proteínas para uma determinada função. Os mais ativos tecidos do organismo
responsáveis pelo “turnover” protéico são plasma, mucosa intestinal, pâncreas,
fígado e rins, por outro lado, tecido muscular, pele e cérebro são os menos
ativos. Quase todos os aminoácidos têm certas funções especificas no organismo,
alem de participar da síntese das proteínas. O triptofano, por exemplo, é um
precursor da vitamina niacina e do neurotransmissor serotonina, e a metionina é
o principal doador de grupos metílicos para a síntese de determinados
compostos, tais como colina e carnitina.